Autor: Darci Garçon
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Via e-mail, uma leitora, a Bete,  queixou-se da dificuldade para encontrar  emprego. Está aborrecida e desanimada porque chega sempre no final dos processos seletivos, mas não é contratada. Aconteceram sucessivas vezes e esse fato a tem deixado muito contrariada e, usando suas palavras,  “com a sua auto-estima lá embaixo”.

Essa situação não é exclusividade da Bete. Nem a dificuldade de empregar-se é a única causadora desse desconforto. Auto-estima em baixa pode ser consequência de eventos simples, por exemplo, desde chegar atrasado para uma entrevista, até acontecimentos traumatizantes, como a perda de um ente querido. No mundo corporativo, a demissão inesperada abala o “amor próprio” do profissional,  deprimindo-o, pois, afora o fato de perder status e  remuneração garantida, ele supunha que era insubistituível…

Baixo astral, chateação, desmotivação, frustração, pessimismo, aborrecimento, depressão e outras tantas emoções aparecem para explicar o que as pessoas sentem quando algum imprevisto, uma falha ou decisão errada, interferem no andamento natural dos seus planos ou no cumprimento de suas  metas. Todas essas emoções afetam  a auto-estima, com maior ou menor intensidade,  dependendo do preparo mental de cada um.  A    sensação   de fracasso ou  de derrota é dos piores impactos com que podemos nos defrontar, pois, além de incomodar,  coloca em risco o andamento de   outras iniciativas.  Auto-estima em  baixa, afeta  a motivação e a coragem para agir,  dois atributos indispensáveis para o sucesso, na vida e no trabalho.

Com a auto-estima em baixa, tendemos a  nos isolar, ou a conviver com outras pessoas que passam por situação semelhante, o que é um erro. Nessas condições, a companhia adequada é a de amigos ou de  pessoas que estejam bem  e que possam entender o seu momento e dar apoio. Valorizando a companhia de pessoas na mesma situação,  podemos ser vítimas do efeito  “bola de neve”, correndo o risco de  o problema evoluir e  acabar gerando a necessidade de tratamento psicológico. Com um agravante: segundo recente pesquisa norte-americana, as dores emocionais  são piores do que as dores físicas e permanecem por mais tempo na memória.

Apesar de tudo, baixa auto-estima não é um mal incurável, felizmente. É superável e, dependendo da reação que se empreender,  – sempre escorada na força de vontade –, pode ser apenas passageira. Por exemplo, antes de ficarmos arrasados por  eventual insucesso, convém avaliar o fato, adequadamente. O objetivo que havíamos estabelecido era compatível com a situação? Teria sido ambicioso demais?  Estava preparado para o desafio oferecido pela empresa?

Por outro lado, atribuir  ao azar qualquer tipo de problema é a decisão mais fácil, mas não é o caminho mais adequado.  Daniel Goleman* menciona três estilos de pessoas, segundo a forma como tratam as suas emoções. Em qual delas você se encaixa?

1. As que saem rapidamente de um estado de ânimo negativo. Em geral, são pessoas que têm plena consciência de si mesmas e vêem a sua vida emocional com clareza. São seguras e conhecem as suas limitações. Têm visão positiva da vida.

2. As que sofrem o impacto das emoções, mas reagem. Estas pessoas não conseguem escapar das emoções negativas. São  inconstantes e com pouco conhecimento e domínio de seus sentimentos. Sentem que não podem controlar sua vida emocional e não tratam de escapar dos estados emocionais negativos.

3. As que sentem o impacto e não reagem. Entendem, com clareza, o que estão sentindo, mas deixam-se levar passivamente pelo estado de ânimo negativo, não fazendo esforço para mudá-lo. Apresentam pouca motivação para mudar esse estado de ânimo.

É bom atentar para o fato de que “baixo astral” é perceptível e, algumas vezes, contagioso. As pessoas sob esse efeito, apresentam-se tristonhas, falando pouco e baixo e emitindo sinais estranhos com o rosto, de uma forma  não usual. Numa  entrevista, esse fato não passa despercebido e será levado em conta na decisão que o entrevistador tomará. Em geral, os candidatos que se apresentam assim, têm menos chances de sucesso nos processos de seleção.

Mencionamos antes a expressão “força de vontade”. Este é o segredo e o caminho. É na força de vontade  que temos de nos apoiar para superar situações de auto-estima em baixa.  Se há  dificuldades para encontrar um emprego, precisamos acreditar que alguma empresa precisará de alguém com nossas competências e continuar procurando. É preciso acreditar que perdeu-se uma ou mais  batalhas, mas não a guerra.  Se você for informado que o seu desempenho está ruim e corre o risco de perder o emprego,  deve procurar meios que o ajudem a melhorar, em vez de se aborrrecer e continuar com o desempenho ruim.  É preciso acreditar, apostar e “correr atrás” de dias melhores.

Ainda segundo Goleman, quem passa por momentos de baixa estima, pode usufruir de  um “processo de compensação” quando percebe que contornou uma situação complicada,  por conta própria – por seu esforço e por suas habilidades. Quando sai de uma situação difícil, não só resolve o problema  como se fortalece, passando a valorizar-se e acreditar mais em si próprio.

Todos estamos sujeitos a momentos de auto-estima em baixa, não só a Bete. O importante é  assumir  deteminação, a partir da crença que tem capacidade e mudar, em vez de  entregar os pontos.

** Formado em Pedagogia pela USP, Darci Garçon é head hunter, sócio-diretor da TAG Consultores trabalha há 40 anos em Recursos Humanos.
* Daniel Goleman – Trabalhando com a Inteligência Emocional – Ed. Objetiva

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