Autor: Darci Garçon
Fale com o autor
www.incorporese.com.br

Em matéria de emprego, o mar não está para peixe. O que se tem observado, ao longo destes últimos meses, é uma movimentação lenta e pequena no mercado de trabalho. E quanto mais se sobe na hierarquia, pior. O pouco que as empresas estão investindo, é insuficiente para gerar rotação de pessoal ou criar novas posições que absorvam a oferta de profissionais. Isso ocorre em função das incertezas da economia, dos juros altos e do custo excessivo dos tributos e dos encargos sociais.

Dessa forma, o negócio é segurar o emprego, trabalhando com seriedade e, se possível, com motivação e prazer para não por em risco a sua qualidade de vida. Não se deve arriscar porque, indo ao mercado de trabalho, haverá aquele desconforto de ficar meses em casa, importunando a família a espera de nova colocação e, pior, sem remuneração que garanta as despesas do dia-a-dia. Numa corrida desgastante, isto significa ser prudente e perceber a hora certa de desacelerar o ritmo para chegar bem e inteiro no final.

Segundo estimativa de uma conceituada consultoria especializada em outplacement de São Paulo, o tempo médio exigido para a recolocação de um executivo, na atual conjuntura, é de 180 dias. Noutros tempos, era de 90. Não há dados precisos, mas, nos cargos de grau salarial mais baixo, até R$ 3.000,00, esse tempo diminui consideravelmente. De qualquer forma, a questão que se coloca é: não podemos perder o emprego. Como é que se consegue isso?

Em primeiro lugar, se você estiver inseguro, deixe as coisas acontecerem naturalmente. Jamais peça demissão para procurar outro emprego. É uma decisão errada, pelo simples fato de que, por incrível que pareça, um profissional empregado vale mais do que qualquer outro em “transição de carreira”. Há, no ar, um certo preconceito contra o desempregado. As empresas podem desconfiar que o profissional tem problemas de relacionamento, de desempenho ou mesmo de integridade. E é mais sensível e difícil explicar uma demissão, quando o motivo de saída não é exatamente “redução de estrutura” ou “extinção da área”.

Decidido isso, vamos à segunda etapa: trabalhe mais e melhor. Procure aperfeiçoar suas habilidades e dê conta do seu trabalho, com o melhor nível de qualidade possível. Isto o colocará em situação de vantagem, em relação aos seus colegas e, obviamente, quando se pensar em corte, o seu desempenho será levado em conta e comparado com o de outras pessoas. Permanecerá na empresa quem for o melhor. E não há nada de rasteiro ou anti-ético nesta postura. Mais do que uma questão de sobrevivência, dar o melhor de si num trabalho pelo qual se é justamente remunerado, nada mais é do que simples obrigação.

Outra coisa importante é relacionar-se bem com todos os colegas, independentemente da postura de cada um. No mundo do trabalho há todo o tipo de gente. Numa ponta, estão os muito humildes e, na outra, os extremamente arrogantes. Estes são uma classe à parte e agem assim, por uma de duas razões: estão inseguros no que diz respeito às suas competências e, por isso, procuram ser inacessíveis para não se expor. Ou – simplesmente – não têm noção de suas limitações, achando-se “o rei da cocada preta” e fim de papo. De qualquer forma, é também preciso ter compreensão e tolerância para com essas pessoas, principalmente, se estiverem nos níveis mais altos da hierarquia…

Saber trabalhar em equipe é uma postura avançada e moderna. Esta é uma das competências mais valorizadas pelas empresas e vale bem mais que tudo aquilo que falamos sobre relacionamento. As pessoas que sabem trabalhar em equipe são portadoras de qualidades especiais. Dentre elas: são maduras, solidárias, não são egoístas, ajudam o próximo, sabem ouvir, sabem motivar e envolver seus colegas, não são invejosas, fofoqueiras, mal caráter e não puxam o tapete de ninguém. Pelo contrário, ajudam os seus colegas em seus problemas profissionais e pessoais.

Você sabe por que as empresas valorizam as pessoas que têm habilidade para trabalhar em equipe? Não é sem propósito. É porque elas favorecem a existência de um clima de trabalho saudável, onde as pessoas se dão bem, trabalham felizes e melhor, com mais entusiasmo, com mais qualidade e… com maior produtividade.

Há uma coisa que me emociona nas corridas. É quando já estou “mais morto do que vivo”, e alguém, percebendo minha situação, bate nas minhas costas, passa a me acompanhar diminuindo o seu ritmo, ou a me estimular para completar o percurso. Quem não passou por isto? Essa solidariedade – que não custa nada – tem um impacto profundo e marcante nas pessoas. Elas não se esquecerão disso, nunca! E no trabalho, é a mesma coisa. Você sempre pode ajudar seu colega ao perceber que, com o seu apoio, ele pode reencontra-se.

Para finalizar, outro assunto importante sobre o qual é preciso estar atento: atualização. Na corrida, isto eqüivale ao treinamento metódico e disciplinado! Não podemos deixar de perceber o que acontece num mundo onde as mudanças são muito rápidas e radicais. As exigências atuais, no que diz respeito a conhecimento e habilidades são muito diferentes de há 10 anos. As pessoas que perdem o “bonde” da evolução, tornam-se dinossauros, inadequadas para as novas exigências impostas atualmente pelas empresas. É importante ler jornais, revistas e livros, fazer cursos, conversar e trocar idéias com colegas de outras empresas, participar de grupo de estudos, enfim, arrumar um jeito de agitar a mente e não estacionar no tempo e no espaço.

Metódico e disciplinado. Todo atleta e todo profissional, empregado ou empresário, que têm estas qualidades, estão mais próximos do sucesso do que seus adversários.

*Formado em Pedagogia pela USP, Darci Garçon é head hunter, sócio-diretor da TAG Consultores trabalha há 40 anos em Recursos Humanos.

Categorias: Artigos

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *