Autor: Darci Garçon
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Artigo destinado aos que não têm ou têm pouca experiência na busca de emprego

Como está o mercado de trabalho? Esta é a preocupação daqueles que estão em busca de nova oportunidade profissional. Trata-se da pergunta mais frequente que temos ouvido e é feita, apenas para confirmar aquilo que todos já sabem: está muito ruim.

Se é o seu caso, caro leitor, nem por isso você deve se acomodar e esperar que alguma oportunidade caia do céu. Quem está em transição de carreira e tem como objetivo voltar para o mundo corporativo deve ocupar boa parte do seu dia pesquisando oportunidades, distribuindo currículo, tentando agendar entrevistas em empresas ou consultorias. Vamos por partes nestes itens.

Pesquisar oportunidades
Bons tempos aqueles em que o Estadão editava, aos domingos, 4 ou 5 cadernos divulgando empregos. Como você deve saber, a internet e as redes sociais ocuparam esse espaço e, atualmente, existem vários sites por meio dos quais é possível divulgar o currículo e há os que não cobram por isso. Há, também, os especializados em divulgar vagas. Linked in e Facebook são fontes de pesquisa utilizadas pelos selecionadores. Finalmente, é possível mandar o currículo diretamente para as empresas, entrando nos seus sites.

Afora isso, o meio mais eficaz de buscar oportunidades de emprego é a abordagem a amigos e conhecidos, que devem ser contatados frequentemente, com habilidade e sem impertinência. Duas das mais conhecidas consultorias de recolocação – Lenz & Minarelli e a LHH-DBM – têm pesquisas recentes que comprovam que cerca de 80% das recolocações são conseguidas por intermédio da rede de relacionamento.

Por último, você pode recorrer a consultorias de outplacement, que ajudam de várias formas, incluindo na divulgação do currículo.

Distribuir o currículo
Antes de falar sobre distribuição, vamos relembrar alguns detalhes importantes sobre o currículo. Não precisaria dizer, mas, a elaboração do currículo é a providência número um de quem irá buscar emprego. Para fazê-lo, inicialmente, leve em conta uma etapa de reflexão objetivando auto avaliação sobre o histórico profissional. As informações mais relevantes da carreira devem ser identificadas e colocadas no currículo.

Essa reflexão – que é um retrospecto de suas experiências, suas crenças e seus valores – será importante, também, nas entrevistas. Por isso, é conveniente levar em conta os feedbacks que você recebeu nos seus empregos e ter em mente metas e resultados efetivamente conseguidos, seus pontos fortes, habilidades pessoais e outros atributos que compõem o seu quadro de competências.

As informações que você colocará no currículo devem retratar a realidade. Deverão ser redigidas em duas páginas, com objetividade, clareza e em bom português, sem a utilização de superlativos. Mesmo que você redija bem, é conveniente pedir a outra pessoa que o releia e faça eventuais correções.

Em sua formatação, o currículo deve ser composto por vários blocos e o primeiro deles deve conter Dados Pessoais: nome, nacionalidade, estado civil, idade, endereço residencial, e-mail e telefones para contato. Recomendo não omitir a idade, que muitos deixam de colocar, propositadamente.

O bloco seguinte deverá ser Objetivo. Nele, você colocará o título do cargo que está aspirando, uma ou até duas opções. Em seguida, o bloco Principais Qualificações, deverá conter suas principais competências técnicas e comportamentais, produto daquela reflexão e auto avaliação, que mencionamos no início. Relacione três ou quatro de cada, que considerar mais importantes e que dêem uma visão consistente das suas experiências e atributos pessoais.

No próximo bloco, Histórico Profissional, você relacionará os empregos pelos quais passou, do último para o primeiro, incluindo o título dos cargos ocupados, datas de entrada e saída. É oportuno informar segmento e porte (faturamento anual) das empresas, principalmente, se forem pouco conhecidas. Finalmente, o último bloco deve conter informações sobre escolaridade e os últimos cursos de complementação dos quais você participou, datados. Foto, hobbyes, fontes de referência são dispensáveis.

Agendar entrevistas
Principalmente antes, mas, também, durante a de busca de emprego, a exposição é muito importante. Ela deve ajudá-lo na conquista de reputação, o que acontecerá pela maneira como você procede e como se relaciona com as pessoas. A prolixidade e a arrogância (dom dos seres humanos grandiosos, magníficos), dentre outros, são os dois inconvenientes que mais atrapalham em todas as etapas do esforço para encontrar emprego. E o deixará com imagem desfavorável nas entrevistas, principalmente, nas empresas que valorizam competências pessoais, mais do que conhecimento técnico.

Agendar entrevistas em empresas ou em consultorias, não é fácil, principalmente, se não estiverem buscando profissionais com as qualificações detalhadas no seu currículo. Em São Paulo, só na capital, existem cinquenta ou mais consultorias de hunting. Não estranhe se mandar o currículo para todas elas e não receber nenhum retorno. E, também, se solicitar e não conseguir nenhuma entrevista para “detalhar as experiências”. Os selecionadores não dispõem de tempo para atender a todos os pedidos de visita para um cafezinho ou almoço, que recebem diariamente. Por outro lado, se algum deles dispuser de um cargo compatível com as suas qualificações, ele o encontrará onde você estiver.

Quanto à entrevista – que é a etapa essencial do processo de seleção – há alguns detalhes que você deve levar em conta. Prontamente antecipo, pois é muito importante que você saiba, desde já, que o selecionador perceberá, em poucos minutos, se o seu perfil é adequado ou não à cultura da empresa, razão porque autocontrole é fundamental, desde o primeiro momento.

A ansiedade, que se manifesta de várias maneiras*, é inerente a muitos profissionais que vão para entrevista. Os selecionadores mais experientes sabem disso e procuram ajudar a contorná-la, gastando algum tempo falando sobre generalidades para que o candidato relaxe e para que seu desempenho não seja afetado por ela quando entrar no assunto objeto da entrevista. Assim, recomendo que você respire fundo e entre na sala com um sorriso na face, acreditando que será bem sucedido.

Um dos sinais mais evidentes de ansiedade é a necessidade de tornar-se o protagonista, falando desbragadamente, desde o primeiro momento. Esse procedimento não é conveniente, por duas razões. A primeira, porque irá aborrecer o entrevistador, que pode não estar interessado nas informações que você está passando. A segunda, porque é mais inteligente mostrar objetividade, esperando que ele seja o protagonista e faça as perguntas. Assim, por um lado, você satisfará a curiosidade dele e, por outro, pelas perguntas, você perceberá quais são as necessidades da empresa e quais os requisitos importantes exigidos pelo cargo. Resumindo: procure ser convincente e seguro, deixando a retórica superficial de lado e falando apenas o essencial.

Saiba que convicção é um atributo importantíssimo nesse momento e significa acreditar em você mesmo e em suas capacidades. Quando sabe o que pretende você irradia segurança, passa a ser uma pessoa confiante e persuasiva. Ir para uma entrevista hesitando, vacilante, você não convencerá ninguém e, provavelmente, não será bem sucedido. Considere se é o caso de apelar para um especialista em coaching para obter ajuda na análise de seus atributos pessoais, mencionados até aqui e corrigir eventuais inadequações.

Agora, vamos para o pior momento desta história. Imagine a seguinte situação: você deixou a entrevista otimista, feliz com seu desempenho e com a informação de que continuará no processo de seleção. Passam-se os dias e nada de novo acontece. Liga para o entrevistador e, se conseguir falar como ele, você poderá ouvir uma resposta fulminante: o processo foi cancelado ou paralisado temporariamente ou o cargo foi preenchido por outro candidato. Será um choque, com certeza, mas faz parte do jogo.

Não se espante se isso acontecer, pois, não são todos os selecionadores que se dão ao trabalho de manter os candidatos informados sobre o que está acontecendo e dificilmente darão um feedback para justificar a sua não continuidade no processo de seleção, mesmo porque não é fácil nem prazeroso fazê-lo.

Caro leitor, jamais se encante com um processo de seleção, enquanto ele estiver em andamento e a empresa não tomou nenhuma decisão, ainda. Continue vasculhando o mercado e só pare de fazê-lo quando uma empresa o chamar para negociar as condições de admissão. Última sugestão: ao negociar salário, na pior das hipóteses, procure manter salário igual ao do último emprego. De preferência, inicie a negociação deixando como expectativa, algo em torno de 20 a 30% sobre seu último salário. E boa sorte !

* Leitura recomendada: artigo A era dos ansiosos, publicado pela revista Profissionais & Negócios.

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