Autor: Darci Garçon
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É óbvio que esse tema não tem muito sentido neste momento em que o país passa por séria crise econômica e o desemprego atingindo índices recordes. Ao contrário, a ordem agora é segurar o emprego a qualquer custo e torcer para que os problemas sejam contornados o quanto antes.

De qualquer forma, em algum momento da sua carreira profissional poderá ser conveniente tomar a iniciativa de demitir-se da empresa onde trabalha. E quando chegar esse momento, é recomendável fazê-lo de maneira bem arquitetada, sem improvisos. As circunstâncias que dão razão para essa ação precisam ser bem avaliadas, com tempo, antes e durante a sua execução.

Antes de mais nada, o pedido de demissão deverá ser precedido pela garantia de que o próximo passo já esteja claramente definido e assegurado, ou seja, um novo emprego já comprometido ou a decisão de assumir uma atividade por conta própria já tenha sido tomada. Jamais pense em pedir demissão, tirar um merecido período sabático para então iniciar os seus esforços na busca de uma nova colocação.

Não custa lembrar que, nos processos de seleção, muitas empresas dão preferência aos profissionais que estão empregados em detrimento daqueles que estão em “transição de carreira”. Isso porque – pensam alguns gestores – os dispensados o foram por problemas de desempenho, portanto, não são os melhores candidatos. Com certeza, essa forma de avaliação não deveria ser válida para todos os profissionais pois há inúmeras outras razões que resultam em demissões.

Isto posto, fica mais fácil entender que é imprudente pedir demissão irrefletidamente e simplesmente apostar que, exposto ao mercado de trabalho, aparecerão centenas de empresas interessadas no seu “passe”. Como já dissemos antes, também é erro grosseiro demitir-se e descansar 30 dias para então buscar um novo trabalho.

Sem considerar um convite formulado por uma outra empresa interessada no seu histórico profissional relaciono, a seguir, os motivos que podem justificar um pedido planejado de demissão.

• O relacionamento com o chefe imediato deteriorou-se ao longo do tempo e está de tal forma ruim que não há possibilidade de mudança. Ou trata-se de um chefe novo no cargo ou na empresa, com quem não houve e nem haverá empatia. Dada a sua experiência, a empresa não tem possibilidades de realocá-lo em outra área, onde se reportaria a um outro gestor.

• O seu desempenho é considerado insatisfatório. Pode ser que você já tenha recebido feedbacks sobre essa situação. Feedbacks nem sempre acontecem, porém, é possível percebê-lo pela forma como é tratado pelo seu gestor. Além disso, você não tem interesse pelo que faz e, portanto, não se entusiasma em mudar a sua atitude com relação à forma de encarar o trabalho. Neste caso, a seguir assim, você está correndo o risco de ser demitido sem aviso antecipado. É questão de tempo.

• A empresa não oferece oportunidades de desenvolvimento. Você está há muito tempo no mesmo cargo, na mesma rotina, fazendo as mesmas coisas, saturado. A empresa não o encaminha para treinamento, nem o ajuda nas despesas com os cursos que lhe interessam. Não aprende nada de novo. Além disso, não há possibilidades de remanejamento lateral para atividades diferentes e, promoção acompanhada por compensação financeira, nem pensar;

• Você chegou à conclusão que está na hora de respirar ares novos, variar, conhecer outra cultura e outras pessoas, enfrentar novos desafios. Para conseguir isso, o jeito é correr atrás de novo emprego, procurando dar um salto na sua carreira, optando por cargo de maior conteúdo e com mais responsabilidades, complementado, naturalmente, por melhor salário, mais status, mais poder e outros benefícios de cargo em nível superior;

• Você está estressado pelo excesso de trabalho e por pressão intensa. Sua qualidade de vida está péssima, chegando cedo e saindo tarde. Não sobra tempo para a família e para o lazer. Além disso, não há reconhecimento, nem compensação. Só faltam dizer que você está sendo pago para isso mesmo ou que está, apenas, cumprindo a sua obrigação.

Em todas essas situações, é melhor precaver-se e procurar outra oportunidade no mercado.

Voltemos, então, ao início. Que ações comporiam esse planejamento para uma mudança sem riscos ?

• Tudo deve ser feito de maneira a deixar as portas abertas, pois, nunca se sabe o dia de amanhã. A empresa atual acumula informações a seu respeito, sobre seu desempenho e idoneidade. A forma como você sair poderá influir sobre a qualidade da informação que será fornecida para as empresas interessadas no seu concurso.

• É preciso ser muito discreto na procura de outro trabalho e ter muito cuidado para não criar situações constrangedoras com seu chefe ou com a empresa. Consumado o pedido de demissão, procure não atropelar sua saída surpreendendo a empresa, evitando dessa forma criar ressentimentos e gerar conseqüências indesejadas no futuro.

• A decisão de sair tem de ser tomada com muita consciência e segurança. Com isso, você terá condições de resistir a eventual contra-proposta do seu atual empregador. Uma vez tomada, a decisão de sair precisa ser consumada. Se não resistir a uma contra-proposta para permanecer, acabará sendo visto como mercenário por ambas as partes e isso marcará a sua imagem.

• Para agir com ética, em algum momento você deverá informar, ao seu chefe atual, que pretende deixar o emprego. Mas, isto deverá ser feito do meio para o fim do processo, quando já houver a certeza de que está tudo certo na outra empresa. Espere que o seu substituto seja identificado e invista algum tempo treinando-o, exibindo a maior boa vontade em fazê-lo.

• Jamais deixe o emprego, imediatamente. Isto dará a impressão ao futuro empregador que você era facilmente substituível, ou não tinha o que fazer, ou o que fazia não era tão importante. Permaneça na empresa pelo menos mais 15 dias depois de acertada sua saída.

Tudo isso deverá ser feito, com atenção adicional ao fato de que é necessário ter cuidado com a imagem de instável. Passagens de curta duração pelos empregos, sem explicações convincentes sobre os motivos de saída, também são vistas com restrições pelas empresas.

Finalmente, é de se acreditar que a decisão tomada tenha sido produto de plano B bem planejado e que você, ao longo de sua vida, tenha sido hábil na constituição e manutenção de ampla rede de relacionamento que o tenha ajudado na busca de novas oportunidades no mercado de trabalho.

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